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A mostrar mensagens de 2009

As crianças e o dinheiro II

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As crianças e o dinheiro I

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SOU EU NA SIC

Mundos paralelos

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Estava com a neura. E a chuva não ajudava nada. Durante o registo desta imagem, o movimento do automóvel desenhou no meu caminho e na minha imagem, muitas figuras humanas que parecem estar todas a atravessar a rua e a flutuar pelo ar. Um movimento na imagem, provocado pela velocidade do carro, pela sua suspensão e pela textura do asfalto da estrada e sobre os quais eu não tive qualquer tipo de controlo. Sempre é verdade que a fotografia regista mais do que aquilo que conseguimos ver. É como a nossa vida tão cheia de coisas que nem sempre conseguimos ver e onde afinal, uma boa terapia é, sem dúvida, andar pela cidade de carro e à chuva. Este contacto é mais intenso e talvez mais real se formos a pé ou de bicicleta. Neste último é mais difícil fotografar.

BASE LUNAR ALFA

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www.sou-eu.com

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Já imaginou ter um boneco que é a sua cara? Já imaginou a brincadeira de uma criança em que o herói da história, aquele que voa, salta e luta contra os dragões seja essa mesma criança, representada num boneco SOU EU. Já imaginou os seus filhos de férias na companhia de todos os seus amigos e com muito menos confusão? Já imaginou o boneco com a imagem do seu chefe entalada na porta da sala com toda a força ou debaixo da sola do seu sapato? Já imaginou a sua namorada/o sempre ao alcance da sua mão? Já imaginou a cara do seu amigo no corpo do super-homem, ou da sua amiga mais discreta num corpo de "femme fatale"? E o Sócrates? Já imaginou o que podia fazer com ele?

A hora do lobo chegou. Uivemos todos por ele.

A sua voz acompanhou-me durante anos. Quando voltava da escola e não tinha aulas de tarde ía ter com o meu amigo João, à loja do seu pai, e ficávamos a conversar e a ouvir o SOM DA FRENTE. Aprendi muito sobre música com ele. Aprendi a gostar de música com ele. Vivi muito tempo embalado na sua música e na sua voz. Adormeci muitas vezes de rádio ligado, na sua companhia. Muitas vezes, juntavamo-nos nas escadas da casa de amigos, para ouvir os seus programas mais tardios. Na penumbra, a sua voz e a sua música eram amplificados e ecoavam pelo espaço, junto das portas onde os nossos pais estavam a dormir depois de mais um dia de trabalho na cidade. Embrenhados na sua música e na sua voz fomos muitas vezes transportados para locais muito longe das nossas casas. Eram lugares bonitos e onde nos sentíamos bem. Hoje, vamos cada vez menos a esses lugares. Na sua voz existia uma força enorme, um grito de coragem, um sentir abstracto de que tudo, afinal, estava no lugar certo e fazia sentido. O Ant...

Swimming pools and unquiet afternoons

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Time makes better places

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POST-SCRIPTUM

Gostaria de saber Com que sonha quem não sonha, Que tem para se entreter E fazer meio-risonha A vida que ha por viver... Gostaria de sentir Como é a alma que vive Sem para a alma sorrir... Eu sonhei e nada obtive. Sonharei sem conseguir. Mas do que fiz e que faço, Que é nada, como o é tudo, Guardo no meu ser o traço Do sonho que me faz mudo, E rio-me do cansaço... Os grandes homens da terra, Os que fazem sem grammatica, Phrases de paz e de guerra, E sabem tudo da práctica Salvo que a práctica erra Ah, esses teem presença, Multidão e biographia... Que o Fado os tenha na crença Que esse valer tem valia!... Casei com a diferença... 9-X-1927 FERNANDO PESSOA

Tudo a kilo que desejas.

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Quantas vezes nos apeteceu oferecer a alguém a lua, o céu ou uma estrela? Esta ideia para um projecto fotográfico abre a possibilidade de oferecer tudo aquilo que sempre imaginámos que seria a verdadeira necessidade de alguém. A possibilidade de oferecermos prendas verdadeiramente originais e que vão muito para além da oferta comercial vigente. Ok, não é a mesma coisa porque não estamos a oferecer a coisa em si, mas como poderíamos oferecer algo que nem sequer nos pertence? Será que a representação, a imagem do nosso objecto de desejo não é suficiente por si só? Mesmo que na maioria dos casos, a resposta seja negativa, podemos sempre dizer que afinal, aquilo que conta é a intenção.

Reflections in a silver watch

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Pairar tem qualquer coisa de pai e de ar

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Este sou eu. Pela mão pequena da Alice eu sou assim, riscado a vermelho sobre fundo branco com formas pouco regulares e de olhar admirado. Gosto muito desta figura simples onde todo o corpo é uma cabeça com olhos grandes em cima de umas frágeis pernas e com braços muito abertos. Se é uma figura instável, que pode cair a qualquer momento, ainda bem que não existe nada em volta onde se possa magoar... mas, talvez não esteja a ver o desenho correctamente e afinal, ele esteja de pernas para o ar... ou ainda, apenas a pairar no vazio. Pairar tem qualquer coisa de pai e de ar também... Os desenhos das nossas crianças têm sempre qualquer coisa de astrológico, para além de toda a natural carga afectiva. Por um lado são complicados na sua simplicidade e portanto, difíceis de entender. Reside aí, sem dúvida o seu principal interesse , que nos permite explorar todos os seus traços e divagar sobre eles em múltiplas direcções com o mínimo de informação. Depende sempre da idade da criança. Por outro...

O que eu vejo a partir da EN 321

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A estrada que liga Castro Daire a Cinfães passa por aqui. Faifa , fica por trás do primeiro monte, em plena serra de Montemuro . Hoje é um pequeno lugar quase deserto. No verão ainda recebe os filhos e amigos dos últimos residentes da aldeia. É um lugar de muitas memórias, pois apesar de os meus pais terem vindo com a família trabalhar para Lisboa quando eu tinha apenas 6 meses, foi aqui que passei todas as minhas férias grandes até aos 12 anos. Foi aqui que aprendi a usar uma fisga, a construir um trenó, a subir às árvores, a treinar um cão, a assobiar e onde acima de tudo, aprendi a viver com as histórias do meu avô. Uma vez contou-me uma história que se tinha passado nos anos quarenta, possivelmente durante a segunda grande guerra, quando um avião se despenhou nestes montes. Foi ele a primeira pessoa a chegar ao local do acidente e a ver o sucedido, pois andava no monte com as suas cabras. O avião estava em chamas e o piloto apresentava muitas queimaduras e arrastava -se pelo chão....

O bando dos 4

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Habitantes

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IDEIA PARA UM JOGO INTERACTIVO Num prédio antigo da cidade de Lisboa morreu um homem de solidão. Todos os inquilinos têm a sua quota parte de responsabilidade no sucedido. A ideia é o utilizador reflectir nas atitudes e nas vidas dos outros habitantes daquele prédio na procura de uma identificação dos motivos para aquela morte. A realidade é a de que ninguém fez nada e essa foi a principal razão da tragédia. Sempre nos interrogámos sobre o que se passa na casa dos nossos vizinhos, todos já tivemos um vizinho sobre o qual especulámos se teria ou não uma segunda vida, todos sabemos que sabemos muito pouco acerca dos nossos vizinhos e portanto parece-me oportuno pensar e fazer um projecto acerca destes assuntos que nos são tão próximos. Tive uma vizinha, uma idosa que vivia sozinha e que ninguém via no prédio nem mesmo para despejar o lixo nem para receber alguém, parecia que estava só no mundo ou então ninguém queria saber dela, ou melhor, ela não queria saber de ninguém. Eu sabia que el...

Dez anos.

Lembro-me de lhe pegar com cuidado e de o levar para casa no bolso da camisa. Quando o enquadrei na mira da pressão de ar, suspenso na respiração, vi como o seu peito orgulhoso se enchia de ar e de dentro saía um cantar alegre e distraído. Nem dei pelo dedo quando escolheu aquele momento. As folhas não tiveram força para o segurar e caiu no chão a poucos metros de mim. Esteve ali, em cima da mesa da cozinha durante muito tempo sem que eu soubesse o que fazer com um pássaro tão bonito,mas que não se mexia. Fiquei muito contente quando vi que o gato sabia.

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Um pequeno contributo para a felicidade

Assim que entrei os que deram pela minha presença sorriram. Facto estranho num café da minha rua onde nem sempre vou e nem todos me conhecem. Mas se são sorrisos, são sempre bem vindos mesmo daqueles que não conhecemos. Pedi uma bica em chávena fria e quando me sentava ao balcão tive a sensação que do ruído da sala agora só sobrava o silêncio. Era um silêncio sorridente apesar de tudo. O empregado, um homem de bigode, passou a mão pelo cabelo devagarinho. Não percebi o gesto e havia qualquer coisa de estranho no seu olhar. Era sábado. Tinha passado a tarde com as minhas filhas, no meio de brincadeiras com casinhas de bonecas em que nunca fazia de pai e quase sempre era um filho muito mal comportado que precisava constantemente de ser castigado. Desde que saíra de casa que tinha a estranha sensação de que muitas pessoas davam por mim na rua e que quase sempre nos seus rostos se abria um sorriso rasgado. Sentia-me bem por ver pessoas que eu nunca tinha visto, que por uma razão qualquer a...