Mundos paralelos
Estava com a neura. E a chuva não ajudava nada. Durante o registo desta imagem, o movimento do automóvel desenhou no meu caminho e na minha imagem, muitas figuras humanas que parecem estar todas a atravessar a rua e a flutuar pelo ar. Um movimento na imagem, provocado pela velocidade do carro, pela sua suspensão e pela textura do asfalto da estrada e sobre os quais eu não tive qualquer tipo de controlo. Sempre é verdade que a fotografia regista mais do que aquilo que conseguimos ver. É como a nossa vida tão cheia de coisas que nem sempre conseguimos ver e onde afinal, uma boa terapia é, sem dúvida, andar pela cidade de carro e à chuva. Este contacto é mais intenso e talvez mais real se formos a pé ou de bicicleta. Neste último é mais difícil fotografar.